Há muito tempo, em um torneio muito, muito importante…
As cartas foram lançadas; as fichas, jogadas no pano. Começara o torneio mais importante da América Latina. Jogadores de diversos estados estiveram reunidos num único salão; todos focados e de olho no bracelete destinado ao campeão do torneio. A diretoria anunciara a histórica premiação de R$ 1.000.000,00. Diretores outros se reuniram para planejar como derrubariam o que se tornou o 3º maior torneio do mundo. Jogadores infiltrados soltaram “falinhas” durante todo o evento para levar informações àqueles. Alguns tomaram muitas bads por isso…
Um jogador em especial era vítima do baralho. Seu nome: “José Maria da Cruz”. Seu nick: “Anakin33”. Levantava da mesa, se remexia na cadeira, arrancava os cabelos, escondia nas mãos o rosto, tudo isto por perder pra uma out na river, flushes runner runner e calls suicidas. Eliminado do torneio precocemente, disse ser essa a última gota que faltava.
Estava desanimado, abatido. Por pouco não desistira de seu sonho de ser um campeão de pôquer.
Soube, então, duma igreja Jedi em Londres que dava sermões sobre a “Força”, técnicas de meditação e o uso do sabre de luz. Instalou-se lá por 3 anos. Quando retornou, estava mudado e decidido a ser o grande campeão da América Latina…
José Maria sentava a uma mesa de pôquer e dava o canhoto da inscrição ao dealer. O salão era preenchido por jogadores de todos os lugares. José Maria contava seu stack. O diretor do evento dava as boas-vindas a todos. José Maria trançava as fichas. Federal pedia um momento para falar da regulamentação do pôquer no país. Minutos depois, o torneio começava.
Logo na primeira mão, José Maria recebeu AA no cutoff. Mesa rodou em fold e ele fez tudo 300. O small foldou e o big subiu pra 825. José Maria pensou por alguns segundos e decidiu esconder seus ases: “Call”, disse.
O flop veio: JJK. O vilão deu check e José Maria betou 1125. Seu oponente, após ligeira hesitação, aumentou para 3550. José Maria franziu o sobrolho e ficou meditativo. “O que ele poderia ter? Par de reis? Um valete? Mas se ele estivesse absoluto, por que me tri-betaria assim?”. Cuidando estar na frente, fez four-bet para 6000. Foi aqui que seus recém-adquiridos poderes Jedi lhe foram úteis.
Quando anunciou raise, viu no rosto de seu oponente um leve sorriso de satisfação. Então soube que estava perdendo. Não podendo mais anular a ação e não querendo levar outra bad, decidiu usar de seu talento Jedi para puxar o pote. E disse, movendo os dedos à fronte do adversário:
— Você não quer pagar meu raise.
— Eu não quero pagar seu raise, disse o vilão, taciturno.
— Você quer foldar e dar showdown.
— Eu quero foldar e dar showdown.
Nascia assim o maior jogador de pôquer de todos os tempos. Seu nome: José Maria da Cruz”. Seu nick: “Vader66”.
Que a Força esteja conosco…

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