Desde que passou a comandar as transmissões da Libertadores e da Copa Sul-Americana, além de campeonatos como Italiano, Inglês e outros, a FoxSports ganhou a minha simpatia. Além de promover casas de apostas em seus intervalos comerciais, o que para mim que tenho um site de apostas brasileiro é muito bom, o canal também tem acenado para o Poker.

E fui no seu site www.foxsports.com.br (fonte desta postagem) que foi publicada anteontem uma entrevista com o nosso mais famoso jogador de cash game: Gabriel Goffi. Gostei do tom abordado, pois foi esclarecedor e sem nenhum tipo de preconceito. Do mesmo jeito que falam que o jogador ganhou um milhão em 2011, mostram que perdeu 8 mil em uma mão. Isso é importante para que os que estão começando no Poker Online não acharem que é tudo maravilha. Abaixo vocês tem a íntegra da entrevista:

Um garoto entre os tubarões

O que passa pela cabeça do mais ousado jogador de pôquer do País, o único brasileiro a se meter nas mesas mais caras da internet

goffi-escada-640x480-rodrigo-fotografo

Aos 18 anos, Gabriel Goffi deixou a casa dos pais em Pindamonhangaba, no interior do Estado de São Paulo, para fazer cursinho na capital. Filho de um engenheiro civil e de uma empresária de roupas infantis, ele nunca entrou na faculdade, mas, com apenas 22 anos, embolsou mais de R$ 1 milhão em 2011.

Um dos maiores nomes do pôquer do Brasil, Goffi se especializou no “cash game”, modalidade em que, diferentemente dos torneios, é o jogador quem decide o quanto quer apostar. Os valores mínimo e máximo para entrar nas mesas, porém, na maioria das vezes são previamente definidos. Os “high stakes” são os jogos em que os cacifes são os mais altos e as apostas, chamadas de “nosebleed stakes”, chegam a fazer “o nariz sangrar”. É ali que Goffi gosta de estar. E, no Brasil, é o único.

Goffi jogou ao vivo por alguns anos, e chegou a frequentar algumas das mesas mais caras no país. Para encarar os valores mais caros do mundo, porém, teve de se especializar no jogo online. O apelido virtual, que hoje impõe respeito aos adversários, é o mesmo do início da carreira: “verve.oasis”, uma homenagem às bandas preferidas da adolescência.

“No pôquer online, os jogadores são tecnicamente perfeitos. Tomam decisões baseadas na matemática e estatística. Já quem joga ao vivo tem a intuição mais aguçada e é afeito à leitura corporal”, diz Igor Federal, presidente e fundador da Confederação Brasileira de Texas Hold’em (CBTH).

Segundo Federal, de dez anos para cá, o Brasil ganhou relevância no pôquer. Dois jogadores brasileiros conseguiram títulos mundiais em torneios. “O Brasil está entre os top 10 em jogadores de pôquer. O Goffi é  indiscutivelmente o maior no ‘cash game’ porque enfrentou os melhores nas mesas mais desafiadoras e é o brasileiro mais bem sucedido nessa jornada.”

Para ele, a recente popularização do pôquer deve-se ao fato de o jogo ter passado a ser televisionado, em 2005. Além disso, a internet teria provocado um boom na prática dos chamados “esportes da mente”, categoria que agrupa jogos como xadrez, damas e bridge. Em 2010, o pôquer foi oficialmente incluído na lista da Associação Internacional dos Esportes da Mente (IMSA). Desde que a CBTH foi criada, em 2009, recebeu o registro de 10 mil jogadores, conta Federal. O total de praticantes no Brasil estaria entre 3 e 4 milhões.

Peixes e tubarões

Chamados de “peixes”, os endinheirados que jogam por diversão são as presas prediletas dos profissionais, os “tubarões”. São os “peixes” que fazem questão da presença de Goffi nas mesas de carteado. “Eu deixo o jogo mais divertido, por ter um estilo mais agressivo. Uma vez saí do cinema e recebi a ligação de um empresário perguntando por que eu não estava lá, jogando com ele”.

Goffi divide um apartamento duplex na cobertura de um prédio no Morumbi com o amigo Robigol, dono da maior casa de pôquer de São Paulo. Ali, em seu escritório, o número de horas de trabalho varia de acordo com o humor do jogador e da qualidade das mesas. A tela do computador divide-se em mesas virtuais – costumam ser 12 jogos simultâneos. Ele explica que já se acostumou a pensar com rapidez e consegue guardar cada um na memória, passando de uma mesa à outra em segundos.

Trabalha de casa, faz sua própria rotina e por isso, para ele, não existem férias ou finais de semana. “Enquanto tiver mesa boa, eu jogo”, diz. Por boa, entenda-se aquelas em que há pelo menos um jogador amador ou um profissional tecnicamente fraco em mesas high stakes,  onde os valores  para entrar variam entre R$ 3 mil e R$ 40 mil. As transações financeiras nos sites de poker são feitas, basicamente, por meio de carteiras eletrônicas como o Neteller. O jogador transfere o dinheiro do site para esse serviço, depois dele para a sua conta bancária.

Goffi não para de jogar nem durante a entrevista e é possível notar uma tensão sutil antes de cada lance. “Droga…”, lamenta em voz baixa. Acaba de perder R$ 8 mil.

(Por Manuela Azenha)