É com muita vergonha que exponho o caso. Uma vergonha direcionada. Pois o caso é de um amigo meu. Para que ele tenha uma cara, chamemo-lo Horácio.

Horácio carteava no LAPT Chile ano passado. Sentou à mesa de número 31; deu boa-noite, embaralhou e distribuiu. Meia-hora depois veio o constrangimento, conquanto Horácio não desse por ele.

No bordo havia Jc6h7h5s2d. O jogador na posição 4 fizera tudo 42.800, dobrando seu re-raise no turn. O na posição 1 pensava. As blinds eram 2K/4k ante 400. O da posição 1 pediu a Horácio que espalhasse as fichas do pote. Satisfeito, recostou na cadeira. Aí disse a seu oponente:

― You don’t have 89.

― No comments during the hand, sir, disse Horácio.

A mesa se alvoroçou. “Olha o dealer, cara, dando comida de rabo nele!”; “Caraça! Dealer peitudo, hem!”; “Ô, dealer! Não sabe quem ele é, não?”. Horácio não sabia.

― É o Phil Laak!

Então Horácio se lembrou.

― Oh yes! I’m sorry, sir: didn’t recognize you.

― That’s ok. You did your job.

Enquanto Laak pensava, Horácio completou:

― By the way, sir, congratulations for your 13º bracelet.