Fonte: Maisev

Traduzido por: kpixaba

Jogar OOP (Out of Position – Fora de posição) é um assunto enorme e é impossível cobrir tudo que poderia ser dito a respeito em um único COTW (Concept fo the Week – Conceito da Semana). Eu decidi me concentrar principalmente no jogo no Flop, mas vão haver menções sobre jogo preflop e alguma informação sobre jogo no Turn. Eu estou tentando escrever isto de uma perspectiva teórica (o quanto eu conseguir), então por favor estejão cientes enquanto leem isto, que contra muitos vilões é melhor jogar de forma “incorreta”. Por exemplo, não há necessidade de balancear o seu range (e eu até diria que é de fato ruim, em muitos spots) contra um cara que não está prestando atenão no jogo e que você não o vê nas mesas com muita frequência.

Jogando OOP:

Antes de eu começar a falar sobre as linhas de jogo específicas e coisas do tipo, eu quero fazer algumas considerações gerais sobre jogar fora de posição:

– Posição é importante. Sim eu sei, vocês todoas já escutaram e leram isso antes. E eu também tenho certeza de que muitos de vocês aí vão pensar “é…claro…eu sei qeu posição é importante, agora vamos pra parte interessante da coisa”. Mas aqueles dentre vocês que estão no mesmo nível que eu estava quando comecei a grindar micro limits FRprovavelmente não entendem REALMENTE o quão importante é. E mesmo sabendo que eu melhorei bastante desde meus dias de micro FR, eu também tenho 100% de certeza de que ainda existem coisas relacionadas a posição que eu ainda não aprendi. Então meu ponto aqui é: Todos que já leram um livro sobre poker, ou vem participando do MaisEV por um curto período já sabe que posição é importante.

Contudo, existe uma enorme diferença entre SABER e ENTENDER, e esta última requer muito trabalho. E é só quando você entende algo, que é capaz de torná-lo parte do seu jogo de uma forma não robótica. Espero que isso não soe ofensivo ou, ainda pior, desencorajador, porque não essa a intenção. É mais um aviso de que leva muito tempo e esforço pra ter uma melhor compreensão de como posição deveria influenciar a sua tomada de decisões.

– Sempre que você entra em um pote de uma posição que muito provavelmente vai fazer você jogar OOP depois do flop, você está conscientemente aceitando ter uma grande desvantagem. Quando você da call em um raise nos blinds, você sabe que vai jogar o pote OOP. Quando você da raise in EP também é bem provável e mesmo que você abra do cutoff, você não tem garantias de jogar em posição depois do flop. Esta é uma razão de porque você deve estreitar o seu range de mãos a medida que você se afasta do button.

No poker existem 3 vantagens que você pode ter sobre seu oponente (agradecimentos aos videos do Baluga Whale, de onde eu tirei esses conceitos). Essas vantagens são: habilidade, cartas e posição. Então sempre que entrar em um pote em uma posição que você certamente, ou muito provavelmente, vai acabar jogando OOP depois do flop, seu oponente tem a vantagem da posição. Para balancear, é melhor que você tenha uma boa vantagem nas cartas ou na habilidade (Essa podem ser várias coisas, como ser um melhor jogador em geral, ou ou ter uma boa leitura do vilão e suas tendências, que lhe permitam tomar boas decisões contra ele no posflop, etc.).

Eu vou separar 2 diferentes cenários. Um é quando você da raise PF e é pago por um jogador que tem posição sobre você, o outro é quando você da call em um raise estando OOP, o que é mais comum nos casos que você está nos blinds. Então no primeiro cenário você está tendo a iniciativa da aposta enquanto no segundo você pagou a aposta PF. Eu vou focar em potes heads-up, mas vou fazer comentários sobre como se adaptar a potes multiway (vários jogadores). Os exemplos citados são de jogos 6-max pois é isso que tenho jogado atualmente, embora eu não acredite que isso importe. Todas as linhas de pensamento também funcionam perfeitamente em uma mesa Full Ring desde que você se ajuste à dinâmica da mesa e aos vilões na mão.

Jogando OOP sendo o preflop raiser (primeiro jogador a ter a iniciativa de dar raise PF)

Ajustes preflop

Sempre que você abre o pote com um raise, tendo jogadores com a mesma habilidade que a sua, é preferível ter sua aposta paga por um dos blinds e jogar a mão em posição do que ser pago um por jogador em LP. Infelizmente isso nem sempre acontece e quando mais inicial for a sua posição, maiores as chances de você terminar OOP no posflop. Existem duas coisas que você pode fazer para justificar dar um raise em uma posição inicial, ou no SB, one o risco de ficar OOP posflop é maior: Você deve dar raise com um range forte, o que basicamente significa dar raise com mãos que você acredita serem lucrativas no longo prazo, mesmo que algumas vezes você as tenha que jogar OOP ou em um pote multiway e também levando em consideração as vezes que alguém depois de você vai ter um monstro. (Além disso, pelo menos de um ponto de vista teórico, você deveria incluir algumas mãos para enganar/balancear, e que podem não ser +EV por si só mas ajudam você a lucrar mais com as mãos fortes).

A segunda coisa que você pode fazer é aumentar o valor de seu raise a medida que sua posição preflop piora. Isso é aberto a debate, mas na minha opinião faz mais sentido dar raises maiores em EP ou no SB do que em LP. Por exemplo (é assim que eu faço) você pode fazer 4x em EP, 3.5x em MP e 3x em HJ/CO (Hijack e Cutoff), 2.5x no button e 4x no SB. Isso possui várias vantagens: Em EP e no SB você reduz a vontade dos oponentes em darcall no seu raise, e se algum oponente der call, você cria um pote maior quando seu range é forte e você reduz o SPR (Stack to Pot Ratio – RElação do Pote com o seu Stack de fichas), o que é bom quando você tem que jogar sua mão fora de posição porque quando os stacks ficam menores, sua desvantagem de posição diminui também. Por outro lado, quando você está no button, você perde menos quando recebe uma 3bet e os jogadores nos blinds ficam mais propensos a dar call no seu raise, o que é bom, pois você normalmente deve ser capaz de superá-los estando em posição. Para mais informações sobre raises PF, leia: CotW: Preflop Raise Sizing – Micro Stakes Full Ring Games – Micro Stakes Poker Strategy Forum

Dito isto, vamos dar uma olhada no seu arsenal quando você acaba jogando um pote heads-up OOP.

A C-Bet (Continuation Bet)

Não vou falar muito sobre c-bet, porque muito já foi dito no COTW sobre textura da mesa (Concept of the Week #8: Evaluating Board Texture – Micro Stakes Full Ring Games – Micro Stakes Poker Strategy Forum) e c-betting (Concept of the week #9: Continuation betting – Micro Stakes Full Ring Games – Micro Stakes Poker Strategy Forum), cuja leitura é recomendada para qualquer um que ainda não tenha feito. Eu só quero ressaltar alguns pontos importantes:

– A textura do flop tem grande importância: C-bet padrão é algo bem simples de aprender, especialmente para os jogadores de micro limts lendo este texto, ter uma idéia decente sobre quais os flops que são bons para C-bet e quais não são devem ajudá-lo bastante.

– Mude o tamanho/valor: Por favor não seja relaxado com suas C-bets. Contra jogadores que não restam muita atenção (que não são somente os fishes, mas também os regs que jogam MUITAS mesas ao mesmo tempo), excluindo algumas circunstâncias bem específicas, não há razão que me venha a cabeça para C-betar mais de 1/2 pote em um flop como A83 random com “air“. Ou se você tem TT em um flop T87 “bicolor” (possibilidade de flush) eu não tenho idéia de por que você apostaria menos de 2/3 do pote (eu prefiro mais) contra alguém que está pensando somente nas próprias cartas e não se ajusta aos tamanhos de apostas (a menos que você começe a dar muitas overbets ou minibets).

Se você está com medo de demonstrar tendências para o seu oponente, eu recomendo ter um valor fixo baseado na textura da mesa, embora isso não seja necessário contra a maioria dos oponentes que você vai encontrar nos micro limits (e nos small limites também).

CheckFold

Novamente, você deve ter uma boa noção de textura de mesa e ranges. Quando dar C-F é extremamente dependente do vilão e também depende da sua posição. Mas em geral você deve C-F em spots em que você pense que uma C-bet vai ser paga ou aumentada com frequência suficiente para não mostrar lucro imediato. Se por exemplo, você apostar $2 em um pote de $3, você precisa ganhar 40% as vezes para ficar breakeven. Então, se você espera que o vilão dê call mais de 60% das vezes e você não acredita que possa continuar quando receber o call, você deve simplesmente desistir. Vamos ver um exemplo:

Você abre em UTG+1 com AJ e um cara TAG da call do CO. O range dele lá é qualquer PP (pocket pair – Par feito), alguns conectores naipados, talvez alguns gappers naipados (gappers são conectores com uma “falha” entre eles…tipo 9Js, 57s, JKs), Talvez algunsAx naipados e algumas mãos premium. O flop vem 874 dois tons. Quando você da C-Bet, provavelmente qualquer PP vai dar call, muitos conectores também, então existe uma parte do range dele que vai estar em FD (Flush Draw) e se ele for malandro ele pode ainda dar um float com Air. Este é um spot onde você deve simplesmente jogar C-F, especialmente se você pensar que ele só vai dar flat call no flop com 2 pares+ e você não se sente confortável para disparar múltiplas barreiras.

Outro exemplo pode ser quando você da raise com 55 do HJ e o jogador no button, que é um grande “calling station” (jogador que só paga, e paga QUALQUER aposta), da call no seu raise. O flop vem QJ8 com Flush Draw e você pensa que o button está dando call com umGutshot ou melhor. Nesta situação, eu realmente duvido que ele vá dar fold tão frequente quanto deveria a ponto de fazer sua C-Bet ser lucrativa, e blefar em múltiplas streets contra um calling station é realmente uma má idéia.

CheckCall

Esta é uma linha que você deve usar menos e também é uma que eu não gosto muito. Muitos jogadores simplesmente não tem essa jogada em seu arsenal quando eles são o PFR (PreFlop Raiser). e a razão para isso é que se eles dão C-Bet em muitos dos seus “Air” eles também tem que dar C-Bet em suas mãos monstro. Então, sempre que eles dão check você pode ter certeza de que eles simplesmente vão desistir. É por isso que contra jogadores que você pensa que vão explorar essa fraqueza e tentar levar o pote sempre que você dercheck, você deve ter um range para dar C-Call ou C-Raise. Contudo, esta linha deve ser usada bem menos frequente do que as outras duas. Alguns pontos para se pensar:

– Para ser capaz de dar C-Bets com tanta frequência quanto deveria, você não pode jogar suas mãos monstro nesta linha com muita frequência. Isso enfraqueceria muito seu range de C-Bet.

– Esta linha funciona bem contra vilões agressivos, que você espera que disparem múltiplas barreiras uma vez que você dê check. Se é este o caso, esta linha pode ser mostrar mais lucrativa do que a C-Bet padrão.

– Algumas vezes pode fazer sentido dar CheckCall para manter sua equidade no pote. Vamos dizer que você abra em MP com JTs e um vilão bom e agressivo da call em LP. O flopvem J87r. Este é um flop em que um vilão agressivo vai dar raise em sua C-Bet muito frequentemente e contra alguns oponentes muito agressivos a linha bet/3bet pode ser melhor. Porém se você não se sente confortável para dar 3-bet aqui eu preferiria dar C-C no flop ao invés de dar C-bet e dar fold para um raise ou call no raise e levar um bluffno turn. Eu penso que estes pares + draws fracos são as mãos que eu normalmente uso para afinar meu range de CheckCall.

– De vez em quando faz sentido dar C-C no flop, C-Raise (se possível C-S) no turn com um monstro ou um bom draw contra um jogador agressivo na sua esquerda, só para mandar uma mensagem pra ele e evitar que ele aposte toda vez que você der check no flop.

– Você pode também dar Check-Raise no flop ao invés de C-C, mas isso não é algo que eu faça muito quando eu fui o pre flop raiser.

A Barreira dupla (The Double barrel)

Leia isto: COTW: Double Barreling – Micro Stakes Full Ring Games – Micro Stakes Poker Strategy Forum
(NT: Mais um artigo para futuras traduções)

A linha C-Bet no flop e C-Raise no turn

Esta é uma linha que eu realmente gosto e que você deveria usar como um semi-bluff e também por valor. Eu gosto de fazer isso contra jogadores que gostam de dar float, pois assim eu extraio valor de seus bluffs e isso também evita que eles disparem barreiras toda vez que eu dou check no turn. A frequência com que você deve fazer isso depende da frequência que o vilão costuma dar float, mas contra alguns vilões, fazer isso com qualquer Flush Draw ou OESD (Open ended straight draw) deve funcionar. Contra outros, eu preciso de algo como um combo draw.

Isso tudo depende do quão frequente você acha que eles estão dando float em você e de como eles vão reagir ao C-R. Portanto, para que esta jogada funcione você tem que ter certeza de que o vilão está dando muitos floats e vai apostar a maioria dos floats no turn.

Exemplo 1:

PokerStars No-Limit Hold’em, $2.00 BB (6 handed) – Poker-Stars Converter Tool from FlopTurnRiver.com

Button ($282)
SB ($236.75)
Hero (BB) ($200)
UTG ($200)
MP ($200)
CO ($391.85)

Preflop: Hero is BB with Kd, Ad
2 folds, CO bets $6, 2 folds, Hero raises to $22, CO calls $16

Flop: ($45) 5s, 10d, 6d (2 players)
Hero bets $27, CO calls $27

Turn: ($99) 4h (2 players)
Hero checks, CO bets $45, Hero raises to $151 (All-In), 1 fold

Total pot: $189 | Rake: $3

Este foi um pote 3-Bet, então os stacks estavam perfeitos para isso. A menos que o vilão seja muito NIT (NT: QUEBRA O NIT!), eu esperaria ele dar um float com Ás (Ace Hight) ou algum par médio com bastante frequência (se essas cartas estão no range PF dele).

Então, se eu imaginar que ele vai apostar no turn com muita frequência, eu prefiro C-R ao invés da B-C por duas razões: Eu sou o último a apostar, então eu tenho um pouco de equidade no fold junto com a equidade do pote, que é grande, e eu também maximizo o valor contra os bluffs dele deixando ele colocar uma aposta no pote antes de fazê-lo foldar.