Prodígio do pôquer pensa cada momento da vida como uma jogada

Aos 22 anos, Gabriel Goffi quer mais do que ser reconhecido como o maior nome do jogo no Brasil

Mais do que um jogador de pôquer, Goffi se vê como um homem de negócios (Divulgação)

Um dos maiores nomes de pôquer no Brasil, Gabriel Goffi pensa em sua vida basicamente em termos de produtividade. Usa insistentemente a sigla “EV” – de estimated value, expressão que significa “valor esperado” no pôquer – e mede até mesmo seu tempo livre conforme expectativas de aproveitamento. Um fim de semana mal aproveitado, por exemplo, é qualificado como “-EV”. Ele explica: “Quando eu volto para a minha cidade, fico naquela bebedeira sem fim, completamente improdutivo, e ainda gasto dinheiro. Ou mesmo essa entrevista com você. Estou aqui no risco, conversando há horas. Se a matéria sair, pode ser ‘+EV’”.

Mas o cálculo das produtividades não é tão simples quanto isso. Goffi reconhece que o “componente social” também é importante e pode compensar um programa à primeira vista “improdutivo”, como uma noitada com os amigos. Ele se interessa por tudo aquilo que considera que agregue valor a sua vida. Não lê romances e tampouco se envolve com política.  “Me interesso por questões que dizem respeito a mim mesmo e que me fazem um ser humano melhor”, conta.

Ele gosta de estipular metas. Como diz em seu site oficial, passou a investir em uma “equipe que pudesse explorar todos os seus limites”. Contratou treinadores de pôquer e um life coach, que, mais do que um consultor financeiro, orienta-o em todo tipo de decisão. “Ele não aceitava mais clientes, mas quando soube do meu caso, abriu uma exceção. Quando você começa a ganhar dinheiro, fica muito visado, muitos vão querer te passar a perna. Preciso de alguém em quem eu possa confiar totalmente.” 

Quando pensou em cursar cinema, por exemplo, foi o life coach quem logo o advertiu a escolher algo que considerava mais útil, como administração.

Goffi também contratou uma governanta para preparar suas refeições de acordo com a dieta determinada pelo endocrinologista e passou a fazer acompanhamento psicológico: “Tudo com o claro objetivo de me colocar entre os melhores do mundo”, diz Goffi em seu site. Para controlar o tilt – descontrole emocional que impede o jogador de agir racionalmente –,pratica iôga duas vezes por semana. “Acredito na máxima ‘mente sã, corpo são’.

A certa altura, convencido de que participar de torneios seria importante para seu marketing pessoal, anunciou a decisão em seu blog. Uma semana depois, venceu o Brazilian Series of Poker (BSOP) de Fortaleza, o maior torneio do país. “Já consegui prêmios bem maiores do que esse, mas o torneio tem muito mais repercussão na mídia.” 

Ele diz não ter nenhum amuleto da sorte ou mania na hora do carteado. “Já fui muito supersticioso e tento melhorar isso em mim a cada dia. As pessoas criam ilusões nas quais se apoiam e muitas vezes deixam de tentar melhorar por achar que é uma simples questão de sorte ou azar.”

Super-homem 

Mais do que um jogador de pôquer, Goffi se vê como um homem de negócios. Suas ambições vão além do jogo. Uma de suas metas é ser um homem “completo” quando chegar aos 30 anos. “Por completo, quero dizer alguém com autoconhecimento e independência financeira.” Até lá, também pretende investir em sua forma física. “Tomo um monte de suplementos e vou à academia. Quero perder a barriga de cerveja para depois ficar forte”. 

Ele se tornou sócio do Brazilian Series of Poker. Pouco tempo depois, o torneio foi comprado pelo Pokerstars, maior site de pôquer do mundo. “Agora vai bombar”, diz. Em parceria com André Akkari e Gualter Sallers, também é dono do TV Poker Pro – canal da modalidade do portal Terra no Brasil. Além disso, com a família, passou a investir em imóveis em Pindamonhangaba (SP).

“Quando eu digo que quero ser milionário, as pessoas não entendem. Ser milionário não é ter 1 milhão na conta. Ser milionário é saber fazer dinheiro e ter uma renda fixa que seja muito maior que o seu gasto mensal, sem depender do trabalho”. E isso acontecerá no momento em que se tornar um homem completo? “Não, antes disso”, responde.

(Por Manuela Azenha)

Fonte: http://www.foxsports.com.br