Para Gabriel Goffi, segredo do sucesso é aceitar a derrota

Jogador de pôquer chegou a perder R$ 300 mil em uma noite, mas fechou 2011 com saldo positivo de R$ 1 milhão

Atualmente, Goffi é o único brasileiro a frequentar as mesas mais caras da internet (Divulgação)

Atualmente, Goffi é o único brasileiro a frequentar as mesas mais caras da internet (Divulgação)

Gabriel Goffi ganhou desde a primeira vez em que entrou em uma casa de pôquer. Ele sorri e conta que chegou com R$ 200. No fim da noite, saiu com mil. “‘Não é possível que seja tão fácil assim’, pensei”. Na noite seguinte, voltou e venceu. Depois disso, nunca mais parou de jogar.

Acabou migrando para o jogo online, onde as apostas são mais altas. Atualmente é o único brasileiro a encarar as mesas mais caras da internet. Durante os primeiros anos como jogador, leu muito sobre as diferentes possibilidades de mãos e estratégias no pôquer. Hoje Goffi se dedica a estudar seus adversários virtuais. Para organizar a lista de jogadores, divide-os por nível de dificuldade. Os profissionais ficam na lista vermelha e os amadores, na verde. A partir das estatísticas produzidas pelo próprio site de pôquer, relacionando valores de apostas, vitórias e derrotas, é possível entender o perfil e o estilo de cada jogador.

“Gosto de dizer que jogar pôquer é desvendar uma história mal contada” diz Goffi. Os blefes, na internet, escondem-se atrás desses números, seus maiores aliados, e não em olhares e expressões corporais, como nos jogos ao vivo.

Para Igor Federal, presidente da Confederação Brasileira de Texas Hold’em, o apelo do jogo está na sensação de que qualquer um pode sair como vencedor, o que eles chamam de “efeito Chris Moneymaker”. Em 2003, o jogador amador enfrentou os grandes campeões mundiais. Em seu primeiro torneio ao vivo, o principal do mundo, Chris ganhou aproximadamente R$ 5 milhões.

Aficionado por competir desde cedo, Goffi praticou futebol, tênis, squash, ping-pong e adorava jogos de computador. Mas foi com o pôquer que aprendeu a lidar com a derrota.

“Eu joguei futebol durante nove anos e era muito habilidoso. Era o camisa dez. Ficava no meio-de-campo, distribuindo o jogo. As pessoas iam me ver jogar. Um dia, o técnico me substituiu. Foi a primeira vez que fui substituído. Saí do jogo e fui direto para o vestiário, sem passar pelo banco de reservas. O técnico ainda me deu uma bronca. Depois disso, voltei para casa e falei: ‘Para esse clube não volto mais’ . Esse foi o maior baque que eu sofri no futebol, por estrelismo. E, quando estou prestes a perder o controle no pôquer, me lembro disso e penso: ‘Não sou mais esse cara’.”

Aceitar a derrota é o principal conselho que ele dá para seus companheiros de pôquer. “No cash game, o mais importante é controlar o emocional, porque não tem limite de dinheiro a perder. Você pode colocar quanto quiser e perder tudo. O problema é o ego. Ninguém quer sair da mesa como um perdedor.” Foi assim que, numa noite, Goffi chegou a perder cerca de R$ 300 mil.

“O importante é conhecer seu limite, saber seu ‘bankroll’ e o quanto você pode gastar dele”. Goffi não revela qual seria o seu limite. “Se eu perder até uma quantia X, consigo dormir tranquilo, sabendo que recupero o dinheiro depois.” Em 2011, Goffi fechou o ano com um lucro de aproximadamente R$ 1 milhão.

(Por Manuela Azenha)

Fonte: http://www.foxsports.com.br