Olá amigos, esse é meu primeiro post no Quero Ser Shark! Meu nome é Eduardo Lacortt, sou estudante de direito e jogador recreativo de poker. Por admirar muito o blog, me torno agora colaborar do mesmo, e aqui estou hoje para trazer minha primeira contribuição, uma entrevista com um malandro que vem grindando e forrando bastante nos MTTs online.





Kelvin Kerber tem 20 anos e mora em Balneário Camburiú no estado de Santa Catarina, é profissional de poker online na modalidade de torneios. Meu primeiro post é uma entrevista que fiz com ele, vamos ao que interessa!

QueroSerShark: Fala kelvin, como você conheceu o poker? E quando teve o ‘a-há’ moment que poderia virar um profissional?
Kelvin: Acho que eu joguei poker pela primeira vez em 2008, através de uma comunidade de futebol chamada FP:AR (de onde origina-se meu nick). Criei, joguei play money por um tempo em alguns sites, li algumas coisas na internet e parei. No fim de 2010, joguei um torneio no PS que era para membros de uma comunidade de tênis no orkut, um cara mandou 1.10 que era o valor da inscrição para algumas pessoas, deu 8 jogadores, todos donks, haha. E eu ganhei o torneio sem ter noção alguma da parada.

Depois disso comecei a jogar sngs de 0.10 e fui começando a me interessar pelo jogo, comecei a procurar material na internet, vídeos e fiz alguns amigos e fui jogando sng sonhando com um dia jogar os torneios mais caros. Meu a-há moment sem dúvida foi logo que entrei no Steal Team e participei do primeiro coach com o João Bauer, ali o jogo começou a fazer sentido

QSS: E como foi sua entrada no Steal Team?
K: Eu conhecia o Rodrigo Scartezini, que na época jogava para o Steal Team, ele me indicou, eu mandei um HH pro Evandro, ele curtiu e me convidou pra fazer parte. O problema é que meu horário disponível não seria suficiente, eu trabalhava em horário comercial em um escritório e jogava a noite, mas ele queria que eu jogasse mais no período da tarde, então em um primeiro momento eu recusei. Um ou dois dias depois, resolvi conversar com minha mãe sobre o assunto. Como a empresa que eu trabalhava estava trocando de proprietário, aproveitei que seria “demitido” para posteriormente ser readmitido pela nova empresa e falei que não continuaria. Falei com o Evandro novamente e ele me deixou entrar no time jogando torneios até 11 dólares na época, isso foi em Agosto de 2011

QSS: Sua mãe apoiou sua decisão desde o começo? 
K: O que eu combinei com a minha mãe é que ela aguentasse as pontas aqui em casa até o fim do ano, eu receberia seguro-desemprego por cinco meses, e se até o fim de Dezembro eu não conseguisse me estabilizar no poker eu largaria, foi o trato que fizemos na época.

QSS: E como você se sentiu nessa transição? Estava seguro com mudança ou tinha receio da vida de jogador de poker?
K: Eu sabia que dependeria do meu rendimento, sempre me considerei um cara inteligente, sou muito autoconfiante, se buscasse, aconteceria. Recebi conselhos de alguns colegas que jogavam para que eu não largasse o emprego pra dar um tiro no escuro assim, mas o negócio é que eu não achava que era um tiro no escuro, eu tinha muita convicção que daria certo. E ainda tem o fato de eu ser super novo, tenho apenas 20 anos agora, na época com 19. Ainda daria tempo de quebrar a cabeça e recomeçar.

QSS: Como foi o processo de adaptação a vida de grinder online?
K: Meio assustador, lembro que minha primeira session eu tava 80$ dólares down e desesperado, hahaha. Lembro até hoje, que fiz FT de um torneio de 1 com rebuy 6max que tem no fim da noite e ganhei uns 200 dólares, fiquei super feliz.
Com o tempo fui acostumando, a colocar volume. Como eu só jogava, acreditava que teria que fazer o meu melhor, encarar como um emprego normal, então eu jogava praticamente todos os dias. Quando eu completei um mês de time eu me vi acomodado, daquele instante eu comecei a me cobrar mais e os resultados naturalmente começaram a acontecer, Setembro que foi meu primeiro mês cheio no time, eu terminei cerca de 4k up, fiz reta final de WCOOP, ganhei torneios, fiz FT de major. Quando acabou aquele mês eu tive certeza que era aquilo que eu queria.

QSS: E como você buscava evoluir? E qual seu método preferido para estudar o jogo, coach, review com amigos, livros, vídeos ou artigos?
K: Não gosto de livros não, o que eu mais fiz foram reviews, vivia incomodando o Lirola, Pitao, Dowgh, keep, bauer… pedindo HHs e estudando, e também os coachs que rolam do steal team, cada coach eu me sentia um jogador melhor, os caras sabem como preparar um jogador, eles tem “a receita do bolo”, já criaram diversos “monstrinhos” do online, eu sabia que tinha uma equipe fortíssima, então tentei e tento até hoje sugar tudo de bom que eles possam me passar. Até hoje rolam situações onde eu pego determinada mão e mando pra uns quatro ou cinco caras do meu skype, jogadores que eu tenho uma alta consideração e peço opiniões. A evolução não pode parar nunca!

QSS: Como você se vê nos próximos anos, quais são seus próximos objetivos no poker?
K: Antes desse ano começar, eu fiz uma lista de objetivos, alguns deles estão bem encaminhados, outros eu ainda preciso fazer acontecer. Antes eu não era um jogador conhecido, atualmente eu já vejo um reconhecimento dos principais regulares brasileiros e de vários outros regulares gringos. A popularidade é boa, a gente gosta disso, então é bom começar a ficar conhecido, como todo poker player, tenho sonho de ir pra Las Vegas e jogar o WSOP, acredito que meu futuro estará sempre ligado ao poker. Outro objetivo é ter um grande resultado live, acho que isso é muito importante, mas pra isso eu preciso jogar mais torneios live. Esse ano devo jogar apenas mais um ou dois grandes torneios live, meu foco realmente está no online.

QSS: Você gosta de jogar live?
K: Gosto sim,,o problema é que não estou adaptado, mas é muito legal jogar live, eu jogo muito mais relaxado do que o online, não me cobro tanto porque sei que não é minha especialidade, então dá pra chamar de lazer.

QSS: O jogador Dowghsantos citou vc como uma das grandes revelações do poker no ano, ele é instrutor do PokerLAB, você conhece o site?
K: Conheço sim, muito bom o site por sinal, fiquei extremamente lisonjeado com a citação do Douglas, não esperava, estava ouvindo o podcast e me surpreendi. Quando vem de um jogador com o gabarito do Douglas, trás responsabilidade junto, mas estou preparado pra mostrar que ele está certo.

QSS: Agora vamos ao que você está acostumado, reta final! Só que nesse caso da entrevista rsrsrs. Quantos buy-ins você acha justo para um inciante começar nos microstakes mtt?
K: Tudo depende do nível do jogador, ele tem que jogar dentro do que ele se sente confortável. Para uns é 50 BIs, pra outros 100, pra outros 300… O importante é ter a humildade de fazer movedown quando necessário. Também é importante saber se o cara ta batendo o limite ou não. Jogador micro/low  não tem que ficar culpando variância, tem que entender que esses limites são facílimos de serem batidos, se ele não está batendo, tem que se dedicar mais, investir em coachs ou numa escola de poker.

QSS: O que voce jogaria se hoje toda sua banca fosse 200usd? e 1.000usd?
K: Com 200 eu jogaria sng regular de 2.50 – 90pl no PS até ter uns 400$. Depois iria para os 4.5 180pl. E com 1k jogaria torneios até 11$ + sng 4.5/11 180pl.

QSS: E pra finalizar, você poderia dar uma palavra pra quem está começando? Pra quem  deseja ser shark no poker.
K: Cara, seus resultados no poker dependerão, como tudo na vida, da sua própria vontade. Se o cara colocar na cabeça e correr atrás, ele vai conseguir, por mais clichê que pareça, é real, metas de curto/médio prazo também são importantes. Outra coisa super importante é NUNCA achar que sabe tudo do jogo, pois ninguém sabe.

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Então é isso galera, escolhi esse cara pra entrevista, por admirar muito o jogo dele e a humildade dele em ajudar quem está começando, e principalmente pra vermos que existem jogadores traçando esse caminho de micro/low/medium até os high stakes, e que é possível, com muito esforço, bons coachs e escolas de poker chegar onde desejamos.

Um grande abraço a todos, estou sempre disponível em twitter ou facebook, para receber críticas, sugestões ou trocar uma idéia.

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