As vésperas do encerramento de mais uma temporada do Brazilian Series of Poker (BSOP), na etapa chamada de BSOP Million, o SuperPoker conversou com exclusividade com André Doblas. O carioca passou de desconhecido do público à estrela do poker nacional em 2010, quando venceu a etapa de encerramento do BSOP daquele ano e sagrou-se Campeão Brasileiro de Poker. Além de contar mais sobre a conquista histórica – aquela etapa foi o maior torneio de poker já realizado na América Latina -, falou sobre a expectativa para a próxima etapa, sua experiência na série e em torneios internacionais – oportunidade conquistada a partir da vitória no BSOP – e até sobre suas amizades proporcionadas pelo poker.

SuperPoker: Qual foi a sensação de vencer a etapa de encerramento do BSOP 2010?
André Doblas: Foi uma sensação única e inigualável. Até hoje me pego pensando naquele final de semana, nas mãos e nas mesas que joguei e, principalmente, na mesa final do torneio. É absolutamente indescritível a sensação de saber que entrei para a história do poker no Brasil.

SP: Você esperava chegar aonde chegou naquele torneio?
AB: É como falei na epoca: sou um cara muito determinado na vida. Saí do Rio de Janeiro focado em incomodar ao máximo os adversários, pensando em ficar ITM. Eu tinha certeza que não era o melhor jogador naquele field, mas ao mesmo não temia ninguém. Tinha muito respeito por todos, mas sabia que daria algum trabalho a eles. Mas óbvio que ser campeão era apenas um sonho.

SP: O que mudou na sua vida com aquela vitória?
AB: Sabe aquela história que a vida do personagem principal muda completamente do dia para a noite? Então, comigo foi exatamente assim! Eu não conhecia ninguém no meio do poker, estava jogando o meu primeiro BSOP. Quando cravei o torneio, muita gente que está no circuito há anos, e que eu sempre admirei, veio me dar os parabéns pela vitória. Sem contar os inúmeros amigos que fiz em todo o Brasil graças ao poker. Sem dúvidas, essa é a melhor parte. Tem muita gente com o coração imenso que eu nem conhecia.

SP: O que você espera da edição deste ano?
AB: De cara, imagino que será fantástica. Acho que a Nutzz e a CBTH estão de parabéns! Ainda mais agora, num ano incrível para o poker brasileiro – com nosso maior ídolo vencendo um torneio do Campeonato Mundial, a festa brasileira em Las Vegas (eu estava lá!), o reconhecimento do poker como um esporte da mente, etc. Acho que um evento do porte que será esse próximo BSOP vem para coroar o que o poker representa pro nosso país. Será literalmente a festa do poker brasileiro! Os melhores jogadores do Brasil estarão presentes. Imperdível!

SP: O que acha da vinda de jogadores estrangeiros reconhecidos entre os melhores do mundo para esse torneio? Isso aconteceu também na edição vencida por você…
AB: Acho que isso é o retrato de como nosso poker é valorizado internacionalmente. Temos nossos braceletes de WSOP, vêm mais gringos com braceletes. Isso valoriza o torneio, eleva o nível da disputa, que com certeza será altíssimo.

SP: O que você falaria para quem – como você no ano passado – está indo jogar o BSOP pela primeira vez nessa edição Million?
AB: Se espelhem em um carinha que em novembro de 2010 falou: “vou cravar o BSOP São Paulo na minha primeira vez” (risos). Agora, sério. O que posso falar é que acreditem que a vitória pode estar mais próxima do que imaginam. Autoconfiança é a palavra-chave para o sucesso.

SP: Quem você gostaria de ver jogando um BSOP?
AB: Gostaria muito de ver o Jason Mercier jogando esse BSOP. Na minha opinião, é o melhor do mundo disparado. Mas sei que isso é difícil, o torneio é logo mais, então vou ser “caseiro”: quero ver a “Véia” (apelido de André Akkari), que é um sucesso nacional, formador de opinião e mestre de cerimônia do poker. O Brasil vai ficar feliz de vê-lo jogar um BSOP de novo.

SP: Depois de vencer o BSOP, você jogou alguns torneios internacionais. Dá para comparar com o torneio brasileiro?
AB: Sem sombra de dúvidas! Eu joguei WSOP e LAPT. O BSOP não deixa nada a desejar em relação a eles, seja na estrutura, na premiação ou no field. Já, já estaremos na rota das grandes estrelas do poker mundial, pode ter certeza.

SP: Depois do título, você jogou várias etapas do BSOP. O que você mais gosta na série?
AB: Este ano eu viajei para jogar em todas as etapas. BSOP, para mim, é sinônimo de amizade. Me amarro em reencontrar a galera, nem que seja para bater aquele papo na mesa do restaurante. Isso já dá o prazer de viajar para jogar e reencontrar os amigos. A galera do poker brasileiro é muito unida. E o BSOP se encarrega de unir a galera uma vez por mês.