bebe-irritadoO contador desse memorável episódio não sabe precisar (nem mesmo idear) a data em que o mesmo ocorreu; e eu (por delicadeza) oculto o nome de seu personagem. Chamemo-lo Antão (que era santo — santo dealer!).

A mesa em que Antão (um riso aqui se faz necessário, como cócegas nos pés) carteava tinha fogo na bunda; estava difícil (mesmo impossível) fazê-la atentar-se ao jogo. A conversa rolava solta. Todos à mesa divertiam-se. E, apesar d’isso ser aceitável (por vezes querido), ninguém cumpria seu papel de jogador; nem antes nem blinds eram postas na mesa.

Antão cobrava em voz alta e com veemência que as antes fossem colocadas e só com muito custo conseguia algum resultado positivo. Irritou-se. Deu três murros na mesa e exigiu que as tais fossem postas à frente. Não daria as cartas se isso não fosse estritamente cumprido. Cumpriu-se. Mas na mão seguinte o mesmo se deu e Antão ameaçou punir a todos, caso continuassem com aquele descaso por seu trabalho e pelo pôquer em si.

Não adiantou. E Antão perdeu as estribeiras. Esmurrou mais uma vez a mesa e gritou a plenos pulmões: “Uma órbita pra todo mundo!”. “Tá todo mundo punido! Esse absurdo não pode acontecer! Que isso!”, e chamou o floor.

— Ó, uma órbita pra todo mundo. Quando o botão ‘tiver na posição 3 eu volto. E saiu da mesa.