Essa é mais uma da série “mas meu avô perdeu tudo”, só que com um diálogo completo entre o gambler e o leigo preconceituoso. Vou mostrando aqui os erros de lógica do vilão e as respostas cretinas e as +EV nos spots que aparecem.

Supomos que você está num ônibus com sua camisa do PokerStars, aquela baratinha que tem uma logo gigante no peito. Eis que um péla-saco te chama e puxa aquela conversinha mole:

– Ei, cara, então você joga poker?
– (Não, imbecil, o PS é um site de xadrez) Claro que sim, por quê? Você joga também?

– Eu não, Deus me livre
A conversa para por aí. Você acha que ficou em paz, mas aí o sujeito puxa papo de novo:

– Cara, e você joga valendo dinheiro? (típico de leigos)

– (Não, jogo valendo alfaces) Sim, jogo. (não ignore o cara, é falta de educação. Uma resposta curta e grossa regula)

– Eeeeeeeeeita! E já perdeu muito? (típico)

– (Perdi sua mãe, nada que 10 cents não paguem) Não, muito pelo contrário – inclusive poker é uma das minhas fontes de renda. (o ideal aqui é não esquentar a cabeça. Também não diga que é profissional na parada porque leigos não vão entender)

Ah, sei… olha, mas um dia você vai acabar perdendo, sabe? O primo do amigo do cunhado do sobrinho do neto do meu tio perdeu as economias da família, a casa, a família, a dignidade, os amigos e (qualquer coisa) na mesa de jogo. (frase mais ouvida EVER pela gente)

– (Foda-se) Pois é, se ninguém perde ninguém ganha. (responder essa citando quem ganha é fundamental)

Eu sei, mas é o vício, né? O cara fica naquela fissura de ganhar, ganhar, ganhar… quando vê está arruinado. (pergunta a la Jô Soares, veja a entrevista com o Leo Bello depois)

Cara, qualquer coisa boa vicia. Sexo vicia, por exemplo. Chocolate vicia. Coca-cola vicia. E daí? A diferença entre gosto e vício vai de pessoa pra pessoa. (é importante não citar álcool/cigarro pra não dar abertura pra mais falinha)

Ah cara, mas são coisas diferentes. Quando o cara começa a jogar ele quer ganhar, ganhar e ganhar. Isso não acontece quando ele toma coca-cola. (típico argumento do “é diferente”)

Cara, vício é vício não interessa em quê (sim, esmigalhe o “é diferente). E vício vai do controle emocional de cada um (cite o “cada um” de novo). O cara é viciado porque não sabe controlar seus impulsos. (agora queime o sujeito) Se o cara começa a mostrar que está viciado, ele precisa de tratamento especializado. Saber se controlar é fundamental.

Com essa fala você já embaralhou a ideia do vilão. Ele não vai poder concordar com você e assim dizer que o primo do amigo do cunhado do sobrinho do neto do tio dele é um descontrolado. Por outro lado, ele não tem argumento suficiente pra discordar, e vai começar a gaguejar.

É cara, aí é a sua opinião. Eu continuo achando que jogo de azar vicia e quem entra não sai dessa vida nunca mais. (resumindo: You win. Flawless victory. Fatality.)

Nesse ponto nem vale mais a pena falar. Você deve simplesmente acenar com a cabeça pra evitar mais encheção de saco. O vilão não vai mais puxar conversa porque já “perdeu” a anterior, e é óbvio que você também não vai.

(Quase) todo preconceito é infundado. Quando aparece um cara assim, meia dúzia de argumentos deixam-no sem palavras.

Um abraço a todos!
Fonte: Vi no site da Eclipse Poker e achei muito interessante para publicar.