Sem categoria – Quero Ser Shark https://www.querosershark.com Aprenda tudo sobre Poker no Quero Ser Shark. Sat, 08 Sep 2012 18:07:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.4.4 O smartphone do Diabo https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-smartphone-do-diabo.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-smartphone-do-diabo.html#respond Sat, 08 Sep 2012 18:07:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=49


rumores, provindos da implexa mas arranjada rede internética de comunicação, de um celular que foi tomado pelo Capeta (ai, Jesuis! Cruiz credo! Saravá! Vade retro, Satanás! Sangue de Jesus tem poder!). Se um celular pôde ser tomado pelo Coisa-Ruim (feito, a propósito, que deve ter tido despesas superiores a 7 milhões), vós que me ouvistes não vos espantareis se souberdes de um smartphone precisando de exorcismo, não é?

Pois não vos assombreis: a paródia é verdadeira.

Com a tecnologia ganhando mais asas do que uma cobra poderia ter, tornou-se possível, em nossos tempos, jogar pôquer como se jogava um Game Boy; basta você ter um eletrônico portátil, baixar o software mais famoso do mundo e dar baralhadas no maior número de baralhões que conseguir.

Roberto, amigo de Cláudio, da crônica anterior, fizera isso. Baixara o PS em seu smartphone e começara a jogar cash NL50. Após algumas semanas de modesta presença às mesas, conseguira triplicar seu pequeno bankroll. E estava feliz. Não só botava em prática tudo aquilo que aprendera nos fóruns da vida, nos artigos lidos, nos vídeos assistidos, como também tinha a luz das estrelas sobre si.

Com tal sucesso, imaginava, no futuro, largar a vida logística e se dedicar inteiramente ao pôquer. Sua mulher, quando ele lhe externava esse anseio, olhava-o de soslaio, entortava a boca, franzia o sobrolho, não fazia a comida, não limpava a casa, não lhe concedia favores sexuais, ameaçava deixá-lo.

— Mas, meu amor, dizia ele delicado, eu sou bom nisso.
— Isso, retorquia ela, é coisa do Demônio!

Certa tarde, quando o serviço estava preguiçoso, Roberto, em seu escritório, ligou o smartphone e pôs-se a jogar. Em meia-hora dobrou seu stack.

Tal desempenho o animou; e uma fosca nuvem branca ganhou corpo fora de seu cérebro. Sim: largaria o emprego; viveria do jogo; grindaria os melhores torneios online; competiria nos maiores eventos live do Brasil e do exterior. O cash online seria sua estabilidade. Poderia também jogar uns cashs ao vivo, se divertir nalgum torneio beneficente. Mais pra frente, daria coachs, diminuiria o ritmo dos grinds, formaria uma equipe cavalada. Seria importante, um ás do pôquer nacional e, quiçá, internacional. Joana chiaria, com certeza; mas se calaria assim que visse a piscina nos fundos da casa, da nova e grande casa que ele compraria.

Enfim, recebeu AA. Mas perdeu. Pegou outro AA, em seguida. Perdeu. Um terceiro AA. Perdeu outra vez. O leitor pode imaginar o tamanho da indignação de Roberto.

Coiceou a cadeira. Socou a mesa. Pegou o smartphone nas mãos e gritou como um louco para ele.

Como era possível? TRÊS AA, TRÊS derrotas! Algo estava errado. MUITO errado. Inicialmente, pensou que fosse trapaça do software. “Meus amigos estavam certos: o PS é muito catrupiado”, pensou. Depois, culpou os jogadores que o pagaram, que eram baralhões. Hunf! Donks! Então a única explicação lógica para esse acontecimento fenomenológico lhe bateu na cabeça. Pegou voluptuosamente seu smartphone e foi para a igreja.

— Padre! Padre! Preciso da sua ajuda já!, disse Roberto, aflito, adentrado à casa do Senhor.
— Que houve, meu filho?, perguntou o padre, atônito com aquela súbita entrada.
— É o meu smartphone, padre! Ele foi possuído!

***
]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-smartphone-do-diabo.html/feed 0
O resmungão https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-resmungao.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-resmungao.html#comments Fri, 31 Aug 2012 12:50:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=55

Já contei aqui o caso do contador de paradas. Hoje venho contar o do resmungão.
Jogava apenas por divertimento. Mas jogava sério. Era amigo de todos, pois tinha jeito amigável, extrovertido, falastrão. Porém, quando se sentava a uma mesa de pôquer, Cláudio se transformava. Não era grosseiro; não desrespeitava a ninguém; não fumava nem ficava bêbado; apenas resmungava o tempo todo: reclamava de não receber um A, uma boa mão, um par, sequer conectors. Dizia: “Não vejo um par de A faz meia-hora!”. E afundava-se na soturnez da vida, vermelho como um flush de copas. Jogava suas pocket cards com força na mesa, dizendo: “Outra vez?! 92! Assim não dá!”. E o dealer tinha trabalho com ele… Tudo porque estava acostumado a sempre segurar boas cartas, diferente de Raúl Mestre. Para que o leitor tenha uma ideia, numa noite ele recebeu QUATRO pares de A! Catrupiado? Não. Era um torneio honesto, com uma organização e dealers honestos.
Mas então as coisas mudavam. Sua feição se tornava mais branda e os showdowns eram frequentes e alegres. Três AA, dois KK, uma QQ, AK naipado, flush no flop, full na river, straight na turn… Alguém dizia: “Parece que sua sorte mudou”. E ele tornava: “Graças a minha mandinga!”. “Mandinga?”. “Sim. Resmungar. Quanto mais eu resmungar, mais cartas decentes eu receberei”. Se passasse três mãos sem boas cartas, desabotoava ele a sua mandinga.
Pus-me, então, a comprovar sua mandraca; e, por quase um torneio inteiro, fiquei a observá-lo jogar. Procedia da maneira que narrei; e, quando estava em período de seca e mandingava, incrivelmente recebia pares altos, cartas altas, naipadas, trincava, fulava, flushava… Eu ficava boquiaberto. Era impossível vencê-lo quando invocava a Sorte!
Certo dia, porém, não mais rezingou. Suas fichas minguavam e ele perdia o torneio. Todos ficamos surpresos. Eu até tive pena dele. Chegava ao torneio cabisbaixo, sentava abatido, jogava indiferente e ia embora vexado. Aflito, quis saber o que ocorrera.
— Meu caro, o que acontece? Por que está tão desanimado assim?
— Sabe, Rodrigo, disse ele, faz algum tempo eu jogava no PS quando minha sogra apareceu para o jantar e me ouviu resmungando, isto é, fazendo a minha mandinga. Ficou, como você pode esperar de pessoas que não entendem o pôquer como um esporte, espantada e perguntou à minha esposa o que era aquilo que eu fazia. Tendo a resposta, chegou em mim e disse: “Não fica bem um homem do seu tamanho, casado, com uma excelente mulher ao seu lado, resmungando desse jeito por causa de um joguinho à toa”. Tentei explicar-lhe que NÃO era um “joguinho”, e sim um esporte. Mas foi em vão. Aí ela disse: “Vou ficar este fim de semana aqui para ajudar minha filha. Se você não parar com esse resmungo, vou me mudar de vez pra cá”.
]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-resmungao.html/feed 10
Palestra ao vivo do Mas https://www.querosershark.com/sem-categoria/palestra-ao-vivo-do-mas.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/palestra-ao-vivo-do-mas.html#respond Fri, 24 Aug 2012 19:06:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=67 https://www.querosershark.com/sem-categoria/palestra-ao-vivo-do-mas.html/feed 0 Minha versão da Oração do Poker https://www.querosershark.com/sem-categoria/minha-versao-da-oracao-do-poker.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/minha-versao-da-oracao-do-poker.html#respond Fri, 24 Aug 2012 04:23:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=69

Para esta semana, reservei não uma crônica, mas “poema” (muito propalado pela net em diferentes palavras) que brinca com a superstição de muitos jogadores. Aprecie-o, se ele puder tanto…

Dealer nosso de gravatinha,
Santificado seja o seu baralho.
Venha a mim um par de ases
Para eu fazer um check/raise
Assim também como um slowplay.
O set meu de todo dia me dê hoje;
Ignore as minhas “falinhas”,
Assim como eu perdoo a quem me tenha blefado.
E não me deixe cair na hora da bolha,
Mas me livre das bads.
All-in!
]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/minha-versao-da-oracao-do-poker.html/feed 0
https://www.querosershark.com/sem-categoria/82.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/82.html#respond Mon, 20 Aug 2012 17:39:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=82 Sempre sonhou ver os melhores clubes do Futebol Europeu em ação, ao vivo no estádio? Pois estamos dando a chance de ganhar um prêmio futebolístico que faz parte dos seus sonhos ao participar na competição A GRANDE VIAGEM FUTEBOLÍSTICA 2 da Unibet! Esta viagem inclui dinheiro para despesas de viagem + hotel + ingressos para 2 pessoas irem ver 3 jogos à escolha. O segundo classificado também ganha um pacote para ir ver um jogo de futebol e do 3º ao 10º classificados serão repartidos mais de €3.000 de prêmios em dinheiro.

Barcelona, R. Madrid, Chelsea, Manchester United, Milan e Bayern Munique são clubes os quais você poderá assistir pessoalmente! Além deste incríveis prémios, a Unibet oferecerá €1.000 em prêmios em dinheiro durante 3 semanas consecutivas.

Como participar?

A única coisa que tem de fazer para poder participar nesta competição é fazer opt-in na promoção e colocar apostas vencedoras de pelo menos €1 em qualquer jogo de futebol da sua escolha. É mesmo simples! Coloque o seu Nome de Utilizador Unibet no campo abaixo e clicar “Save”. Por favor certifique-se que introduz o seu nome de utilizador exactamente igual como aparece na sua conta (letras maiúsculas e minúsculas, etc).

Nome de Utilizador

]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/82.html/feed 0
Um Jedi nas mesas de pôquer https://www.querosershark.com/sem-categoria/um-jedi-nas-mesas-de-poquer.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/um-jedi-nas-mesas-de-poquer.html#comments Sun, 19 Aug 2012 17:36:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=85


Há muito tempo, em um torneio muito, muito importante…
As cartas foram lançadas; as fichas, jogadas no pano. Começara o torneio mais importante da América Latina. Jogadores de diversos estados estiveram reunidos num único salão; todos focados e de olho no bracelete destinado ao campeão do torneio. A diretoria anunciara a histórica premiação de R$ 1.000.000,00. Diretores outros se reuniram para planejar como derrubariam o que se tornou o 3º maior torneio do mundo. Jogadores infiltrados soltaram “falinhas” durante todo o evento para levar informações àqueles. Alguns tomaram muitas bads por isso…
Um jogador em especial era vítima do baralho. Seu nome: “José Maria da Cruz”. Seu nick: “Anakin33”. Levantava da mesa, se remexia na cadeira, arrancava os cabelos, escondia nas mãos o rosto, tudo isto por perder pra uma out na river, flushes runner runner e calls suicidas. Eliminado do torneio precocemente, disse ser essa a última gota que faltava.
Estava desanimado, abatido. Por pouco não desistira de seu sonho de ser um campeão de pôquer.
Soube, então, duma igreja Jedi em Londres que dava sermões sobre a “Força”, técnicas de meditação e o uso do sabre de luz. Instalou-se lá por 3 anos. Quando retornou, estava mudado e decidido a ser o grande campeão da América Latina…
José Maria sentava a uma mesa de pôquer e dava o canhoto da inscrição ao dealer. O salão era preenchido por jogadores de todos os lugares. José Maria contava seu stack. O diretor do evento dava as boas-vindas a todos. José Maria trançava as fichas. Federal pedia um momento para falar da regulamentação do pôquer no país. Minutos depois, o torneio começava.
Logo na primeira mão, José Maria recebeu AA no cutoff. Mesa rodou em fold e ele fez tudo 300. O small foldou e o big subiu pra 825. José Maria pensou por alguns segundos e decidiu esconder seus ases: “Call”, disse.
O flop veio: JJK. O vilão deu check e José Maria betou 1125. Seu oponente, após ligeira hesitação, aumentou para 3550. José Maria franziu o sobrolho e ficou meditativo. “O que ele poderia ter? Par de reis? Um valete? Mas se ele estivesse absoluto, por que me tri-betaria assim?”. Cuidando estar na frente, fez four-bet para 6000. Foi aqui que seus recém-adquiridos poderes Jedi lhe foram úteis.
Quando anunciou raise, viu no rosto de seu oponente um leve sorriso de satisfação. Então soube que estava perdendo. Não podendo mais anular a ação e não querendo levar outra bad, decidiu usar de seu talento Jedi para puxar o pote. E disse, movendo os dedos à fronte do adversário:
— Você não quer pagar meu raise.
— Eu não quero pagar seu raise, disse o vilão, taciturno.
— Você quer foldar e dar showdown.
— Eu quero foldar e dar showdown.
Nascia assim o maior jogador de pôquer de todos os tempos. Seu nome: José Maria da Cruz”. Seu nick: “Vader66”.
Que a Força esteja conosco…

***
Conheça meu blog: Crimes Literários de Rodrigo Della Santina

]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/um-jedi-nas-mesas-de-poquer.html/feed 3
As bads são culpa de Deus https://www.querosershark.com/sem-categoria/as-bads-sao-culpa-de-deus.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/as-bads-sao-culpa-de-deus.html#comments Fri, 10 Aug 2012 13:28:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=107
“Quem não quer levar bad vai jogar xadrez”, decretou Chris Ferguson.
Apesar de as bads serem “comuns” no mundo do pôquer, não há como não se indignar com algumas que acontecem nos panos da vida, virtuais ou sintéticos. Até mesmo Phil Ivey já se embraveceu um dia com seu oponente quando este lhe deu call de J8 off, acertando um full e vencendo o seu flush. Ora, se ele, que é o cara, pôde se aborrecer com uma bad, por que eu, mero mortal, não posso? Tanto posso como o fiz.
Ultimamente tenho levado bad até no sonho. É bad bonitinha, ajeitada, feia, feiosa, canhão, inacreditável e até impossível, como os filmes do Tom Cruise. Alguns dizem que foi porque eu não fiz a mandinga do Sequela: não enterrei baralho algum. Mas esses já vão direto pro inferno. Porém, esta última foi de amargar. Vi meu par de ases ser quebrado por um Q9 suited que me tirou do jogo no qual eu tinha grandes chances de ser o campeão.
Fiquei furibundo. “Como o cara me paga re-raise com uma mão daquelas no UTG?”, esbravejei indignado. Quase desinstalei o PS. Mas me contive e tentei me acalmar. E consegui. No dia seguinte eu estava calminho, calminho, pronto para mais uma bad. Aliás nem lembrar da bad eu lembrava. Passei o dia tranquilo, feliz. Até a noite.
À noite, fugi da minha estratégia e fui olhar meu OPR. Fazia tempo que não o acessava. Queria ver como andava meu jogo com todas aquelas bads. E para meu infortúnio vi que o baralhão que me eliminou havia cravado o torneio.
Entrei em profunda depressão. A descrença tomou conta de minh’alma. O sol sumira da face da Terra e zumbis gemiam por cérebro. Passei a pensar que pôquer era sorte; e disse de mim para mim que não o jogaria nunca mais. Tamanha foi minha desesperança que nessa noite tive um sonho inicialmente estranho, mas que no fim se mostrou extremamente lógico. E assim conheci a origem de todas as bads.
Sonhei que entrava no reino dos Céus. Não havia morrido. Estava de passagem. Queria contar a Deus umas paradas, em especial uma bad que eu havia levado minutos antes. Logo que entrei nos seus aposentos, “peguei” o tell que seus olhos me passaram. Estes diziam: “Lá vem o desafortunado. Será que ele não sabe que contar bad é chato pra burro?!”. Não só pra burro, pra jacaré e pra urubu também. Mas não quis saber. Eu tinha odds — Ele iria me ouvir.
Contei-lhe sobre as sequências runner runner que quebraram meus pares altos; sobre uma out que bateu na river; sobre aquele call de J6 off que ganhou dos meus dois pares no flop fazendo um flush. Contei-lhe muitas outras, até que, por fim, falei-lhe daquele Q9 suited.
― Eu tinha AA no Botão. Blinds 2000/4000. O vilão abre raise de 3bbs do UTG. Mesa vem em fold e eu dou re-raise pra 36.888 (gosto desses quebradinhos). Ele pensa um pouco e dá call. Flop vem: Q29. Duas de espada. Ele dá check. O pote está em 78.000 mais ou menos. Eu tenho 97.000 pra trás. Sei que ele é baralhão, que, pelo tamanho do raise, deve ter mão marginal e que devo jogar forte em cima dele. Então vou all-in. Ele me dá insta-call e mostra seus dois pares com Q9 suited. Agora me diz: tem lógica o call pré-flop?! E sabe o que é pior? [Deus não sabia]. Ele ainda cravou o torneio! Pode?!
— Pelo visto sim, disse Deus.
(Ele queria me tiltar).
― Meu filho, continuou o magnânimo, bads acontecem. Você tem que analisar o seu jogo, se jogou errado, se se precipitou, se jogou por impulso; se não fez nada disso, se jogou corretamente, não tem que se irritar; tem de manter a confiança em seu jogo, focar-se nos seus adversários, observar suas tendências e aproveitar suas fraquezas para vencê-los. Dessa vez você perdeu, mas no “longo prazo” você será vencedor.
Suas palavras me foram reconfortantes. Um sopro sereno de vida encheu minh’alma de esperança. Senti-me mais animado, ansioso pela vitória iminente.
Então vi que Deus olhava por cima de seus ombros e, com os dedos das duas mãos cruzados, me perguntava, sussurrando:
— Escuta, filho: você se lembra do nick desse oponente que eliminou você?
― Ah, disso me lembro bem, disse eu.
— E qual era, hem, qual?
― “JesusfromHeaven”.
]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/as-bads-sao-culpa-de-deus.html/feed 10
O contador de paradas https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-contador-de-paradas.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-contador-de-paradas.html#comments Fri, 03 Aug 2012 18:36:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=123
Seu nome era Paulo Pontes de Paula Pereira. Jogava pôquer há cinco anos e meio e, embora não fosse profissional, tinha lá seus resultados, que o faziam, senão admirável, ao menos respeitável aos olhos dos jogadores. Tornou-se famoso por sempre ter uma parada pra contar, não importasse o assunto. Política, economia, artes, turismo, culinária, qualquer que fosse o tema tinha ele em mente uma parada que ligava os pontos. Por conta disso, ganhou dos seus amigos, todos jogadores, o carinhoso apelido de “Paulo Puta-que-Pariu”, em homenagem ao seu sobrenome de marcada aliteração.
Certa vez, quando se falava de um acidente de carro ocorrido há dias próximo a estação Tucuruvi, no qual aquele havia caído de um barranco e se disfarçado de poste, ele se achegou dos conversadores e disse:
― Teve uma parada assim no BSOP Curitiba, ano passado.
Todos ficaram (creio que pela primeira vez na história do pôquer!) ansiosos por ouvir a parada, afinal o que poderia se assemelhar a um carro imbricado num barranco?
― Um amador, prosseguiu ele, tri-betou seu oponente de JJ, que o four-betou all-in com A9o. O amador deu o call e foi eliminado do torneio porque dobrou o 9 na turn. Inconformado com tamanha bad, ele se levantou da mesa tão desesperadamente que não viu a pilastra em que meteu seu nariz. Naturalmente correram com ele pro hospital. Quando voltou, decidiu jogar o Last Chance e, para seu infortúnio, perdeu de AA pra AJs, com um flush na river. Deu uma porrada indignada na mesa e uma cabeçada noutra pilastra. Saiu sem mundos nem fundos, de nariz enfaixado e galo na testa.
Um dia, porém, o próprio Paulo quem foi alvo de suas paradas. Apareceu no meio dum torneio de muleta, perna engessada e rosto machucado. Surpreendeu a todos a sua calma. Fez cumprimentos com um aceno de cabeça e ficou a assistir à mesa do Pimenta. Mas nem este nem ninguém prestava mais atenção ao jogo; o torneio já havia sido paralisado e todos ansiavam por saber o que ocorrera com o famoso contador de paradas. Então alguém perguntou:
― Paulo, o que aconteceu? E este, muito resignadamente, disse:
― Eu estava esperando para atravessar a rua. Os carros estavam muito agressivos, então decidi adotar uma estratégia mais tight e aguardar a hora certa de pisar no asfalto. Depois de uns trinta segundos, a hora chegou. Abri raise com meu pé direito (que afinal é preciso um pouco de superstição). “Open shovia” muito. Mas eu estava focado. Nesse momento, uma morena passou por mim num mini-re-raise de tremer as bases. Cuidei por um instante no range de suas curvas, quando, de repente, um carro veio all-in pra cima de mim, isolando a parada. Como minha conexão havia caído, não vi a placa do carro, que partiu sem dar showdown. Quando me recuperei, vi que meu stack tinha sido todo comido pelo tratamento hospitalar e eu, enfim, havia sido o bolha desse evento.
]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/o-contador-de-paradas.html/feed 3
https://www.querosershark.com/sem-categoria/203.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/203.html#respond Wed, 27 Jun 2012 16:24:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=203

]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/203.html/feed 0
Como Analisar o EV Para Pagar Um All-In https://www.querosershark.com/sem-categoria/como-analisar-o-ev-para-pagar-um-all-in.html https://www.querosershark.com/sem-categoria/como-analisar-o-ev-para-pagar-um-all-in.html#respond Tue, 26 Jun 2012 23:50:00 +0000 http://www.arthurcarlos.com.br/arthur/qss/?p=206 Quando enfrenta uma aposta que é um all-in, você tem duas opções: pagar ou largar. Por definição, nós ajustamos o EV de largar como zero. Fazemos isso para ter uma referencia para avaliar as outras opções.

Outra maneira de ver isso é: se você desistir, seu stack não muda. O que estava no pote continua, e nenhum dinheiro extra será gasto com o fold.

O mais interessante é analisar o “call”. O EV é simplesmente a probabilidade de cada possibilidade vezes a lucratividade dessa probabilidade. As probabilidades são o que você, jogador de poker, deve calcular constantemente.

Por exemplo:

Um jogador aumenta pré-flop, três pagam, então um jogador tímido, tight, passivo e sem criatividade aposta uma quantia enorme, superando em muito o pote. Mentalmente você sabe algumas probabilidades na hora: é muito provável que ele tenha Ases, é provável que ele tenha Reis, e é muito improvável que ele tenha 94o.

Então o que nós fazemos é pegar essas probabilidades (em forma de números) e multiplicá-las pelo valor esperado da jogada. No river, a mão já está perdida ou ganha, então a matemática é bem mais fácil. A lucratividade de pagar é a quantia no pote que vai pro seu stack, se você pagar e ganhar multiplicado pela chance disso acontecer, menos o custo de pagar e perder vezes a probabilidade disso. Essa matemática é extremamente simples, então vamos começar com exemplos das primeiras rodadas de apostas.

Mas no turn e no flop, nós precisamos levar em conta as vezes que temos a melhorar mão e perderemos multiplicado pelas vezes que temos a pior mão e ganharemos. Podemos fazer isso ao pegar a mão do vilão e estimar os outs (outs *2% para ações no turn e outs *4% para ações no river é uma boa estimativa).

Exemplo 1: Simples

Eu aumento no UTG com KK para 5xBB e sou pago pelo MP e pelo BB.

K72, todos de (15BB)
SB check, eu aposto 15BB, MP fold e SB vai all-in num total de 30BB. Eu sei que ele só faz isso com um flush.

Então, devo pagar ou largar?

EV do fold = 0
EV de pagar = (probabilidade)(lucratividade)

Já que sabemos que ele só faz isso com um flush, a probabilidade é 1 para ele ter um flush e 0 para outras mãos.

EV de pagar = 1 (lucratividade se ele tiver um flush)
EV de pagar = (lucratividade se ele tiver um flush)

Quando ele tem um flush, nós estamos atrás, mas nós temos outs para fazer quadra ou um full house, digamos que temos um K, três 7 e três 2 para melhorar no turn e se não acertarmos, 3 outs no river. Num cálculo rápido isso dá 4 (outs no turn)+2(outs no river) = 4*7+2*3 – 35% (34.4%, para ser mais exato) de fazer um full house e ganhar.

Então nós venceremos 34.4% das vezes e perderemos o resto. Nós estamos pagando 15BB para ganhar um pote final de 85BB em que teremos 35% de equidade. Estamos pagando 1/5 em um tiro de 1/3, então mesmo intuitivamente nós estamos fazendo dinheiro aqui.

O EV real é:

EV= -15BB(.65) + 60BB(.35) = 11.25BB de lucro se pagar. Sendo assim, o call tem uma expectativa positiva (já que 11.25 é um número positivo), então é +EV, e nós devemos pagar.

Agora troque as variáveis por quão grande tem que ser o raise do oponente e veremos até quanto podemos pagar, até termos que largar, considerando que ele tenha um flush todas as vezes.

EV = (-xBB)(.65) + (45BB+x)(.35) = 0 (equivalente a desistir)

-15.75BB = -.3x
x = 52.5BB ou um raise de 67.5BB ou mais, até que tenhamos que largar, se ele tiver um flush todas as vezes.

Exemplo 2: Intermediário

Se nós tivermos um range de mãos para o nosso oponente, nós podemos calcular com que freqüência nós temos que vencer para fazer o call.

Estamos no turn, temos AA e o board é KQ84 sem flush draws. Nós apostamos 15BB em um pote de 25BB e um oponente tight apostou mais 15BB com seu all-in (digamos 15 para ganhar 70). Sabemos que na maior parte das vezes ele terá KK ou QQ aqui, mas também poderá ter AK ou KQ. Ele não é criativo o suficiente para fazer isso com outras mãos.

Primeiro nós vamos considerar isso como “estamos perdendo” ou “estamos ganhando”.

Quando estamos ganhando, ele tem 2 outs (dois K) para melhorar e vencer nosso AA, então nós venceremos 96% das vezes.

Quando estamos perdendo para KQ nós temos 8 outs para vencê-lo e quando for KK ou QQ nós temos 2 outs. Digamos que nós temos uma média de 4 outs (1/3 das vezes ele tem KQ, e das outras vezes ele tem KK/QQ quando estamos perdendo, então .33*8+2*.66 = ~4).

Agora nós somamos os ranges e as probabilidades e acrescentamos no x pela freqüência que temos que estar vencendo para pagar:

EV = pagar e estar vencendo + EV pagar e estar perdendo = 0
EV = x((.96)(70BB) + (.04)(-15BB)) + (1-x)((.08)(70BB) + (.92)(-15BB)) = 0
EV = x(67.2 + -.6) + (1-x)(5.6 + -13.8) = 0
EV = x(66.6) + (1-x)(-8.2) = 0
8.2 = 74.8x

x = ~11%

Então poucas vezes nós precisamos estar vencendo aqui para pagar, então nós pagamos.

Exemplo 3: Avançado

Estamos no turn com AA e enfrentamos um all-in do tamanho do pote (que, por definição, nos dá odds de 2:1 para pagar) em um board J872 com flush draw. Nós sabemos que há 3 possibilidades de mãos para nosso oponente:

Um set
Um straight
Um straight e flush draw

Além disso, nós esquecemos os naipes das nossa cartas e não podemos quebrar nossa imagem legal na mesa para olha novamente, então o draw dele tem 15 ou 14 outs, mas em média terá 14.5 outs.

Quando estamos ganhando nós temos 0 outs para straight, 2 outs pro set, digamos então que em média teremos 1 out.

Com que freqüência ele tem que estar blefando para nós pagarmos?
Agora vou mostrar de uma maneira mais fácil para fazer de cabeça, enquanto estiver jogando:

Eu tenho 2:1, então eu preciso de 1/3 de equidade de pote. Quando estou vencendo eu tenho um pouco mais de 2/3 de equidade de pote (ele tem uns 15 outs), quando estou perdendo eu muito mal tenho zero de equidade de pote.

1/3 = x(2/3) 1-x(0)
.333 = .667x
x = 1/2

Então ele deve estar fazendo um move em mim um pouco menos de 50% das vezes para que eu pague aqui. Isso significa que mesmo que eu saiba que tenho a melhor mão 1/3 das vezes, eu não tenho odds para pagar uma aposta de 2:1.

Interessante, não?

Fonte: MaisEV

]]>
https://www.querosershark.com/sem-categoria/como-analisar-o-ev-para-pagar-um-all-in.html/feed 0